O fim de férias coletivas em determinados setores, como na atividade de veículos automotores, foi a principal causa para que as indústrias de Minas Gerais e São Paulo crescessem na passagem de dezembro de 2013 para janeiro deste ano. O resultado, contudo, foi insuficiente para suplantar as recentes perdas do setor nessas regiões. A afirmação é de Rodrigo Lobo, pesquisador da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE, a indústria mineira cresceu 7% em janeiro, perante o mês anterior, na série que desconta os efeitos sazonais. Esse foi o melhor desempenho entre os 14 locais observados. Na mesma base de comparação, a atividade subiu 3,5% em São Paulo. “São Paulo tem uma indústria diversificada e, assim como no resultado industrial nacional, várias atividades tiveram crescimento em razão do fim de férias coletivas. No entanto, podemos dizer que o avanço na indústria paulista se deve, sobretudo, ao desempenho dos setores veículos automotores e máquinas e equipamentos”, afirmou Lobo. Na avaliação do pesquisador do IBGE, o desempenho de Minas Gerais está atrelado à retomada nas atividades de indústria extrativa, metalurgia e veículos automotores. “Apesar do crescimento nesses dois Estados, a alta de janeiro não os faz recuperar perdas recentes. A produção industrial mineira caiu 8% só em dezembro [na comparação com novembro, feitos os ajustes sazonais]. São Paulo vinha de dois meses de queda, acumulando baixa de 7,3%”, disse o pesquisador do IBGE. A série histórica da pesquisa do IBGE mostra que o patamar de produção de São Paulo, que representa 35% da indústria nacional, está 9,6% abaixo do pico, registrado em março de 2011. Já o patamar de produção de Minas Gerais, cujo peso é de 11,6% na indústria do país, estava 4,1% abaixo do pico, em julho de 2008. Entre o último mês de 2013 e o primeiro deste ano, a indústria Goiás teve o pior resultado entre os locais observados pelo IBGE, com queda de 8,9%, na série livre de influências sazonais. Foi o pior resultado desde o período outubro-novembro, quando o setor recuou 13,2%, feitos os ajustes sazonais. A queda de Goiás, explicou Lobo, está associada ao desempenho negativo na produção de produtos químicos, formado pelos setores outros produtos químicos, farmacêutico e perfumaria. Juntos, eles representam 32% da indústria do Estado. O segundo pior resultado, na série dessazonalizada, foi do Paraná, com queda de 4,6% em janeiro ante dezembro. Foi o terceiro resultado negativo consecutivo do Estado, que acumulou nesse período baixa de 17,1%. “Estão pressionando para baixo o resultado da indústria paranaense os setores de alimentos, edição e impressão, além de máquinas, aparelhos e matérias elétricos”, afirmou Lobo.
(Valor – 14/03/2014)