Uma análise realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) relativos a 2014 mostra que os profissionais que atuam nas áreas de manutenção da operação industrial foram os menos impactados pelas demissões no setor. No ano passado, a indústria registrou uma redução de 330 mil postos de trabalho. Algumas ocupações, porém, conseguiram passar ao largo da crise e até abriram novas colocações. Entre essas, destacam-se as de instaladores e reparadores de linhas e equipamentos de telecomunicações, técnicos de manutenção de máquinas, e mecânicos de manutenção de aparelhos de refrigeração. Juntas, abriram quase 7 mil novas vagas em 2014.
“Algumas características resguardam essas ocupações. A principal delas é a transversalidade, isto é, estão presentes em vários segmentos industriais. Outro fator é que, em momentos como o atual de baixo investimento e retração da produção, esses profissionais têm papel crucial no funcionamento do parque fabril”, explica o gerente de Estudos e Prospectiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Márcio Guerra.
O levantamento aponta que tanto na indústria como em outros setores, como os serviços e a agricultura, esses trabalhadores são valorizados. “Apesar de, em geral, não registrarem salários acima da média das profissões técnicas (ganham entre R$ 1,4 mil e R$ 3,7 mil), eles transitam com mais facilidade em vários segmentos e têm mais oportunidades”, diz Guerra.
ATENÇÃO AO MERCADO – Na avaliação do diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, informações como a dessa análise são importantes para quem está se preparando para entrar no mercado de trabalho ou deve se requalificar para conseguir uma nova vaga. “Um jovem que compreende como o movimento da economia impacta o mercado de trabalho, terá melhores condições de escolher uma qualificação ou curso que abra portas para seu futuro”, destaca.
Para ele, o principal recado, porém, é que trabalhadores mais bem capacitados tendem a conquistar empregos de melhor qualidade, com remuneração mais alta e mais chances de permanência no mercado. Um estudo recente – realizado por professores da Universidade de Brasília (UnB) – estima que um ano adicional de educação está associado ao aumento de até 10% no rendimento do trabalho. Lucchesi lembra que o cenário econômico de 2015 coloca desafios tanto para trabalhadores como para as instituições de formação profissional e a própria indústria. “É importante que continuemos a preparar profissionais (empregados ou não) para a retomada do crescimento econômico. Caso isso não ocorra, a falta de trabalhadores qualificados pode se tornar, num futuro próximo, um entrave para o país ganhar competitividade e melhorar seus indicadores econômicos”, pondera.
(Agência CNI de Notícias – 22/04/2015)