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Dólar fecha em queda com fluxo positivo para emergentes

A expectativa de que o Federal Reserve não deve subir a taxa de juros tão cedo e o ambiente mais tranquilo no exterior sustentavam a busca por ativos de maior retorno, levando as moedas emergentes a apresentarem mais um dia de alta frente ao dólar. No mercado local, o fluxo positivo de recursos tem suportado a queda da moeda americana, levando o real a apresentar a segunda melhor performance no ano entre um grupo de 17 divisas emergentes, só atrás da rupia da Indonésia.

O dólar comercial encerrou hoje em queda de 0,77%, cotado a R$ 2,2030, menor patamar desde 30 de outubro. Já o contrato futuro para maio recuava 0,76% para R$ 2,216. No ano, a moeda americana acumula queda de 6,53%. A desvalorização do dólar no mercado local é suportada pela perspectiva de fluxo positivo de recursos para o Brasil, de captações externas e para aplicações em portfólio. Além disso, com a queda de 3,24% do dólar no mês passado, os investidores institucionais locais passaram a apostar na queda da moeda americana e mantinham uma posição vendida na divisa de US$ 1,246 bilhão na BM&F, em 7 de abril.  “É a uma aposta mais arriscada, dado que o potencial para a queda do dólar é mais limitado”, afirma Abucater, da Icap.

Com o cenário externo mais calmo e o grande demanda por ativos de maior retorno, as operações de captação externa continuam aquecidas. A Gerdau contratou um consórcio de bancos para sondar o mercado a respeito de emissão de bônus com vencimento em 30 anos. O Itaú Unibanco também planeja um empréstimo sindicalizado de US$ 1 bilhão com prazo de três anos. Ontem, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) captou US$ 1,5 bilhão por meio de emissão de bônus com vencimento em 2019 e 2023.  Além das captações de empresas brasileiras no exterior, o apetite maior por ativos de risco lá fora, com as taxas dos Treasuries ainda se mantendo comportadas, suporta o ingresso de recursos para portfólio no Brasil. “Com o Brasil oferecendo um retorno alto para operações de carry trade [que buscam ganhar com a arbitragem de juros], ele vai continuar atraindo capital enquanto o cenário externo estiver favorável”, afirma Italo Abucater, especialista em câmbio da corretora Icap.

Lá fora, o dólar subia frente às principais moedas emergentes. O Dollar Index, que acompanha o desempenho da divisa americana, recuava 0,58%.

A menor preocupação com uma antecipação da subida de juros nos EUA e a expectativa do anúncio de novas medidas de estímulo por parte da China e da Europa para impulsionar o crescimento econômico têm sustentado a demanda por ativos de maior risco. “Com o Fed conduzindo de maneira gradual a retirada dos estímulos e a liquidez ainda al ta no mercado externo, grande parte do fluxo está indo para mercados emergentes que oferecem maior retorno”, afirma Italo Lombardi, economista para a América Latina do Standard Chartered Bank. O  banco espera que o Fed inicie o processo de alta da taxa de juros somente no segundo trimestre de 2015.

Nesse cenário, países como Brasil, Índia, África do Sul e Turquia, que  elevaram a taxa de juros para combater a inflação e conter a desvalorização de suas moedas, são os que mais têm atraído capital.

Oferecendo a maior taxa de juros real do mundo e a terceira maior taxa de juros nominal, o Brasil é um dos países que mais têm recebido esses recursos de curto prazo.

O economista do Standard Chartered destaca que o Brasil possui fundamentos melhores que a Turquia, que oferece taxa de juros de 10%, do ponto de vista de solvência externa, dado o nível de reservas internacionais, em US$ 377,477 bilhões, e uma dívida externa menor.

Além disso, destaca Lombardi, o governo tem sinalizado um comprometimento com um esforço fiscal maior, anunciando uma meta de superávit primário de 1,9% do PIB para este ano.

Apesar disso, dada a valorização de 6,99% do real no ano, o economista do Standard Chartered não vê muito espaço para uma valorização maior da moeda brasileira, esperando um segundo semestre mais volátil diante realização da Copa do Mundo, que pode levar a uma nova onda de protesto, e das eleições em outubro. Com o dólar abaixo de R$ 2,20, os investidores já começam a questionar a necessidade das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio. Por enquanto, a autoridade monetária não alterou a sua estratégia e vem rolando todos os contratos de swap cambial a vencer, além de manter a oferta diária de US$ 200 milhões por meio dos leilões de swa p. “O problema é o risco que se corre de uma valorização da moeda americana impactar a inflação”, afirma Abucater, da Icap. Hoje o BC rolou mais uma tranche de 10 mil contratos que tinham vencimento previsto para 2 de maio, cuja operação somou US $  494,4 milhões. Com a rolagem de hoje, restam US$ 7,233 bilhões  do lote de US$ 8,733 bilhões em contratos de swap a serem renovados.

Mais cedo, a autoridade monetária ofertou 4 mil contratos de swap cambial do programa de intervenção diária no câmbio, cuja operação somou US$ 198 milhões.

(Valor – 08/04/2014)

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