Articulador político informal do Palácio do Planalto, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), afirmou nesta quarta-feira (5) que a criação de despesas excessivas por parte do Congresso Nacional na tentativa de gerar o “caos” poderá trazer consequências maiores no futuro. Ao analisar as chamadas “pautas-bombas” – propostas que podem gerar novas despesas para a União e para os estados –, o peemedebista alertou que os articuladores desses projetos podem herdar um país com “um caos ainda maior”.
Nesta quarta, apesar dos apelos do Palácio do Planalto para adiar a votação das pautas-bombas, a Câmara deve votar proposta de emenda à Constituição (PEC) que vincula os salários do advogado-geral da União e dos procuradores estaduais e municipais a 90,25% do salário de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A mudança na Constituição poderá deflagrar um efeito dominó nas demais carreiras da categoria, influenciando inclusive os salários de delegado da Polícia Federal, de delegado de Polícia Civil e do Distrito Federal.
“Quem pensa que inviabiliza um determinado governo criando despesas que sejam excessivas, inviabiliza a nação porque o governo tem prazo de vencimento. Dia 31 de dezembro de 2018 terminou esse governo e vem o outro. E se os agentes do outro forem os que criaram o caos agora, eles vão ter que carregar um caos ainda maior”, ponderou Padilha.
A declaração foi durante a abertura de um evento, em Brasília, que discute a gestão dos aeroportos do país. O ministro disse ainda que a conta final pela elevação dos gastos será paga pela população.
“Quem paga a conta sempre é o cidadão, é a pessoa física, estoura no colo do cidadão. Quem pensa que faz benesses para um determinado segmento e com isso está ajudando a nação, está prejudicando a nação, na medida em que estabelece disparidades”, completou.
Ao deixar o evento na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) logo após a abertura, por volta das 10h, Eliseu Padilha justificou que gostaria de ficar mais tempo no seminário, mas teria que sair para resolver uma “crisezinha” na Câmara e outra no Senado. Ele também citou entre os compromissos uma possível reunião de “alinhamento político” entre ministros para discutir os trabalhos no segundo semestre.
Para o ministro, a intenção é aprofundar o diálogo com o Congresso, por meio de um “tour de forças”. “Nós temos problemas a tratar e, seguramente, eu não sou nenhum ingênuo para saber que o governo terá que ter uma dedicação muito maior e está tendo (…). Vamos usar de todos os mecanismos republicanos, claros, transparentes, que são disponíveis. O governo não medirá nenhum esforço dentro da absoluta legalidade”, disse.
(G1 – 05/08/2015)