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Cresce rejeição à política depois de manifestações

A primeira pesquisa de opinião realizada após as manifestações populares de junho apontam que dobrou o número de eleitores que pretendem votar em branco ou em nulo nas eleições presidenciais de 2014. Somadas, essas opções foram de 8,4% em junho para 17,9% em julho, segundo levantamento realizado pela MDA Pesquisa a pedido da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
A sondagem mostra ainda que os pré-candidatos à Presidência da República que mais se beneficiaram foram Marina Silva (Rede), que tinha 12,5% antes dos protestos e, depois, pontuou em 20,7%, e Eduardo Campos (PSB) de 3,7% para 7,4%. A presidente Dilma Rousseff (PT) lidera com 33,4%, mas caiu 19 pontos: tinha 52,8% em junho. O senador Aécio Neves (PSDB) foi de 17% para 15,2%.
Foi grande também o percentual de entrevistados que disseram que as manifestações nas redes sociais e nas ruas devem interferir nas eleições de 2014: 64,9%. A pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 10 de julho – depois, portanto, da onda de protestos nas cidades do país. Foram entrevistadas 2.002 pessoas em 134 municípios de 20 Estados. A margem de erro é de 2,2%. Sete Estados foram excluídos da abordagem: Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rondônia, Roraima e Sergipe.
A pesquisa mostra que a ampla maioria dos entrevistados apoiou as manifestações, 85,3%, e revela que 11,9% participaram delas e 29,6% não saíram às ruas, mas têm intenção de sair para protestar. Desses 11,9% que participou, a maior parte, 60,7%, soube delas pelo Facebook, enquanto 38,5% respondeu “pela internet, em sites de notícia”.
A abordagem mostrou ainda que os “políticos em geral” foram os principais alvos dos protestos. Foram seguidos pelo “sistema político no Brasil” (21%), presidente da República (15,9%), governadores e prefeitos (5,9%), deputados e senadores (2,1%) e o sistema judiciário (1,6%). Segundo os analistas da MDA, é esse viés contra a política que sustenta a alta de votos nulos e em branco na pesquisa eleitoral e também o crescimento de Marina, por seu perfil menos ligado à política tradicional.
A maioria, 55%, avalia que a insatisfação com a corrupção foi o principal motivo, seguido pela insatisfação com a qualidade dos serviços de saúde (47,2%), os gastos com a Copa do Mundo (43,7%) e os preços e a qualidade do transporte urbano (30,8%).
A avaliação positiva do governo caiu de 54,2% em junho para 31,3% em julho. Esse percentual representa a soma entre os que avaliam o desempenho do governo como ótimo ou bom. Já a aprovação pessoal da presidente caiu de 73,7% para 49,3%. Trata-se do segundo menor índice na série histórica da CNT, durante os anos de governo petista. O pior, 46,7% foi em novembro de 2005, ainda no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o ex-governador de São Paulo e candidato derrotado à Presidência em 2010, José Serra (PSDB), a queda na aprovação deve-se a um “governo fraco” que tem propostas apenas para “serem apresentadas na mídia”.
“Nós estamos vivendo uma crise e o governo não tem exercido seu papel. No Brasil, falta liderança e sobra desperdício de recursos, talento e tempo. Nós temos um governo governando virtualmente, apenas com propostas para serem apresentadas na mídia, sem conteúdo”, disse Serra, durante visita ao Senado, ressaltando que “não fica contente com a queda de ninguém na política, muito menos da presidente da República”.
A avaliação da economia também ajudou na queda da avaliação. A expectativa em relação ao emprego no país para os próximos seis meses piorou. Em junho, 11,5% disseram que a expectativa era pior, enquanto em julho 20,4% manifestaram-se negativamente. Ainda assim, de acordo com a sondagem, Dilma reagiu melhor às ruas do que o Congresso, embora nos dois casos a avaliação majoritária foi de que a reação foi regular. Foi essa a resposta de 40,3% em relação a presidente e de 33,5% em relação ao Legislativo.
(Valor, 17/07/13)

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