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BC perde R$ 57 bilhões com swaps até julho e não contém alta do dólar

O Banco Central registrou prejuízo de cerca de R$ 57 bilhões com os contratos de “swap cambial”, instrumentos que equivalem à venda de dólares no mercado futuro (derivativos), nos sete primeiros meses deste ano, ou seja, até julho, segundo números da própria própria autoridade monetária do país.

Mesmo assim, não impediu uma alta do dólar, que, no fim do ano passado, estava em R$ 2,65. Somente em julho, quando a moeda norte-americana avançou pouco mais de 10%, para R$ 3,42, as perdas foram de R$ 23,9 bilhões. De forma geral, o BC lucra com estas operações quando o dólar cai e perde quando a cotação da moeda norte-americana sobe.

O dólar fechou em queda de 0,83% nesta sexta-feira, mas permaneceu cotado acima de R$ 3,50.
No fechamento da véspera, o BC anunciou aumento da oferta de swaps, contratos equivalentes a venda futura de dólares, o que foi visto como um esforço para segurar a alta da divisa.

O valor do prejuízo com as intervenções do BC no mercado de câmbio é incorporado às despesas com juros da dívida pública e é um dos itens que pressiona o atual déficit nas contas do governo, que registraram neste ano o pior resultado para um primeiro semestre desde o início da série histórica, em 1997.

Para que servem os contratos de swap cambial?

Os swaps cambiais, cujo estoque supera R$ 330 bilhões, são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.

Segundo o BC, os contratos de “swap cambial”, que voltaram a ser emitidos em junho de 2013, quando a moeda norte-americana se aproximava de R$ 2,40, visam dar proteção para os agentes (“hedge”) que têm dívida em moeda estrangeira e fornecer liquidez para o mercado – evitando também uma volatilidade maior (forte sobe e desce) das cotações no mercado à vista.

Entretanto, analistas observam que, com estas operações, o BC também busca conter uma disparada da moeda norte-americana, o que dificultaria mais o controle da inflação, pois os produtos e insumos importados ficariam mais caros no Brasil. Mesmo com estas operações, o dólar fechou o mês de julho em R$ 3,42.

Intervenção sobe em agosto

Desde o fim de março, o BC está apenas rolando os vencimentos. Com isso, deixou de fazer emissões líquidas deste instrumento. Nesta quinta-feira (6), o BC anunciou, porém, um aumento na oferta de contratos de swap cambial tradicional em leilão para rolagem do lote que vence em 1º de setembro, sinalizando aumento da intervenção no mercado de câmbio, em meio a acentuada alta da moeda norte-americana ante o real.

O BC anunciou que serão ofertados em leilão na sexta-feira (7) até 11 mil contratos de swap cambial, ante oferta diária de 6 mil contratos desde o início do mês. Se mantiver o novo nível de oferta até o fim do mês, o BC vai rolar praticamente 100% do lote que vence em setembro, ante perspectiva anterior de rolagem de 60%, mesmo patamar da rolagem do mês passado.

Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, nesta quinta-feira, o diretor disse que o preço do dólar ante o real “está claramente esticado” e que ele entende que “os agentes estão agindo aparentemente com pouca racionalidade”.

Impacto nos indicadores fiscais

Os prejuízos da autoridade monetária com os contratos de “swaps cambiais” é incorporado às despesas com juros da dívida pública e ajuda a impulsionar o déficit nominal – que atingiu mais de 8% do PIB em doze meses até junho, o maior patamar da série histórica, que começa em novembro de 2002. Também ajudam a impulsionar a dívida do setor público.

Se fechar em 8% do PIB em 2015, o déficit nominal brasileiro ficaria abaixo, neste ano, de acordo com projeções do Fundo Monetário Internacional, de nações como Bahrein (déficit de 9,8% do PIB), Antigua (-10,5% do PIB), Algéria (-12,5% do PIB), Brunei (-15,6% do PIB), República do Djibuti (-13% do PIB), Egito (-11,7% do PIB), Guinea Equatorial (-21,4% do PIB), Eritreia (-12,18% do PIB), Guiné (-10,1% do PIB), Iraque (-9,9% do PIB), Líbia (-68% do PIB) e Venezuela (-19,9% do PIB), entre outros.

No caso da dívida bruta do setor público, uma das principais formas de comparação internacional (que não considera os ativos dos países, como as reservas cambiais) – conceito também acompanhado pelas agências de classificação de risco – o endividamento brasileiro subiu em junho. Em maio, estava em 62,5% do PIB (R$ 3,53 trilhões), passando para R$ 3,58 trilhões, ou 63% do PIB, em junho deste ano, também o pior resultado da história. Alguns bancos já projetam a dívida bruta em 70% do PIB nos próximos anos.

Nota pelas agências de classificação de risco

Estes indicadores são avaliados pelas agências de classificação de risco, juntamente com outros índices, ao conceder notas para os países. A equipe econômica trabalha para que a nota brasileira, concedida pelas agências de classificação de risco, permaneça no chamado “grau de investimento” – que é um tipo de recomendação para investimento.

Perdendo essa nota, as regras de vários fundos de pensão de outros países impediriam o investimento no Brasil, o que dificultaria a capacidade de o país, e das empresas do setor privado brasileiro, buscarem recursos no exterior – aumentando subsequentemente os juros destas operações.

(G1 – 07/08/2015)

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