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BC diz que situação em 2015 é de ‘transição’ e indica juros mais altos

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu, avaliou nesta quinta-feira (26) que a situação da economia brasileira é de ajuste e de “transição” neste ano e sinalizou que o ciclo de aumento dos juros básicos da economia, iniciado em outubro do ano passado, terá prosseguimento. Por meio do relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano, divulgado mais cedo, a autoridade monetária admitiu, pela primeira vez, que a inflação deve ficar próxima de 8% neste ano e, com isso, estourar a meta em 2015. Também estimou uma retração de 0,1% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 e de 0,5% para este ano – não afastando uma possível recessão na economia brasileira.

“A politica monetária [decisões sobre a taxa básica de juros para conter as pressões inflacionárias] está e continuará vigilante para assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% ao longo de 2016. Essa é a mensagem central, principal, do relatório de inflação”, declarou o diretor, indicando novos aumentos de juros nos próximos meses.

Atualmente, a taxa Selic, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias, está em 12,75% ao ano, o patamar mais alto em seis anos. Desde outubro, foram implementados quatro aumentos seguidos nos juros básicos. A expectativa do mercado financeiro, até o momento, é de duas novas elevações neste ano, para 13% ao ano em abril, e para 13,25% ao ano em junho. Entretanto, os analistas também preveem uma queda para 13% ao ano em novembro. Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central tanto para 2014 como para 2015 e 2016 é de 4,5%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.

Ano de ‘transição’

De acordo com a análise de Luiz Awazu, da autoridade monetária, a situação da economia brasileira em 2015, com disparada da inflação e nível baixo de atividade econômica, é de “transição”. “Estamos tendo um processo de redução de desequilíbrios através de um duro ajuste de preços relativos, com os administrados [gasolina e energia, por exemplo] de um lado e os externos em relação aos preços domésticos de outro [alta do dólar] mediante implementação de política fiscal [aumento de tributos, limitação de benefícios e redução de despesas] e monetária [alta de juros] adequadas”, declarou o diretor. Segundo ele, o objetivo do BC é “circunscrever” o impacto dos ajustes que estão sendo feitos na economia brasileira ao ano de 2015.

“O ajuste é padrão, importante, relevante e necessário, e seu objetivo é fortalecer os fundamentos das economia e prepará-la para um novo ciclo de crescimento sustentado. A primeira notícia [do ajuste] é a manutenção da nota de risco soberano pela agência Standard & Poors. O objetivo é circunscrever este impacto em 2015 e conter os efeitos desse ajuste por meio da política monetária [ajustes na taxa de juros]”, declarou. Segundo analistas, a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressionam fortemente os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.

Melhora em 2016

O diretor do Banco Central disse ainda que a expectativa para o ano de 2016 é de retomada do nível de atividade, de reforço da confiança dos investidores na economia brasileira e, também, de queda da inflação. “Os ajustes em 2015 contribuem para mudar composição da demanda e favorecer mais o investimento e a produtividade. Nosso mercado doméstico continua atraente e existem oportunidades presentes de investimento”, declarou ele.
Segundo Awazu, o aumento das expectativas de inflação em 2015 dos economistas por conta dos ajustes na economia não impactaram as previsões de inflação para o próximo ano.

“Existe um consenso sobre condições mais favoráveis para a inflação em 2016. Os realinhamentos de preços [gasolina, energia e alta do dólar] terão ocorrido já em 2015. A inflação tem um efeito de ‘descarte’ significativo em 2016”, acrescentou.

O diretor observou que a previsão de inflação dos economistas do mercado finaneiro para o IPCA de 2016 é de 5,61%. A autoridade monetária, por sua vez, previu nesta quinta-feira a inflação oscilando ao redor de 5% para o próximo ano. O objetivo do BC é trazer a inflação para a meta central de 4,5% no ano que vem.

Repasse da alta do dólar para os preços

O Banco Central também avaliou que a queda dos preços das chamadas “commodities (produtos básicos com preços cotados no mercado internacional, como petróleo, minério de ferro e alimentos, por exemplo) diminui o repasse da alta do dólar no Brasil para a inflação.

“Quando medimos o coeficiente de repasse da taxa de câmbio ao IPCA, sabemos primeiro que existe uma diminuição histórica [com o passar do tempo] desse coeficiente. Sabemos que ele é circunscrito ao curto prazo [neste ano], age essencialmente em um horizonte mais curto. Quando se inclui o fator ‘commodity’, o coeficiente de repasse [da alta do dólar para os preços] cai quase pela metade. O efeito é significativo quando existe a variável ‘commodity'”, concluiu Awazu.

(G1 – 26/03/2015)

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