O custo do produto industrializado no Brasil é 34% maior que o custo do produto industrializado em parceiros industriais. E a realidade é ainda pior quando se fala em oportunidades de negócios: o país ocupa o 116º lugar. Com esses números, o diretor do Departamento de Economia (Depecon) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), Paulo Francini, iniciou sua apresentação no 11º Congresso Estadual de Empreendedorismo, realizado na sexta-feira (05/09), em Santo André. Para um público de mais de 500 pessoas, Francini fez uma síntese dos fatores que vêm contribuindo para o cenário econômico pouco animador no país. “Alta tributação, juros altos, baixa infraestrutura logística, taxas de câmbio, energias e matérias primas, burocracia excessiva e altos gastos públicos”, enumerou, pouco depois de afirmar que no Brasil o ambiente de negócios é hostil e que isso desestimula o empreendedorismo. No entanto, nem tudo está perdido, segundo Francini. “De 2004 a 2014, tivemos um crescimento de 34% em relação à ascensão da classe média, e um crescimento vigoroso dos salários”, explicou, ponderando que, com a elevação do crédito, o aumento do poder de compra da sociedade cresceu 80% no período. “Com o aumento do potencial econômico da população brasileira, temos uma força crescente.”
Força da indústria
Outra ameaça para a economia nacional, destacou o diretor das entidades, é a perda da força da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) do país, que deverá recuar em 2014 para 12,6% – nível observado em 1954. “Um país que abre mão de sua indústria está incapacitado de se tornar um país desenvolvido. A indústria é base fundamental de transformação e de desenvolvimento de uma nação”, defendeu. Criticou a falta de planejamento para o país e para o cidadão brasileiro, o palestrante disse que o Brasil precisa de oportunidades e de um plano estratégico em busca de soluções. Francini também comentou sobre a necessidade de combate às fraquezas brasileiras, principalmente as relacionadas ao Custo Brasil. E reforçou que uma das ameaças para o país é a perda da competitividade do setor produtivo, tornando ainda mais urgentes as reformas estruturais. “Nossa força está no poderoso mercado interno, turbinado pelo aumento do acesso ao crédito e dinamização do mercado de trabalho.”
Ao apresentar alguns dos setores essenciais para o crescimento do país, o diretor de Economia observou que o ideal seria um plano de ação para dinamizar setores que possuem capacidade de impulsionar o desenvolvimento econômico. Para ele, o empreendedor está associado à intenção de vencer obstáculos e ultrapassar barreiras. E essa é uma das forças que podem mover o país. “A consequência do ato de empreender promove riquezas para o país, que nem sempre é a riqueza material, mas também a do conhecimento e do saber”, finalizou Francini.
(Agência Ciesp de Notícias – 09/09/2014)