A crise hídrica em diversos estados brasileiros abriu espaço para o incentivo a utilização de água de reúso e os esgotos podem ser os “novos mananciais” nesse tempo de escassez, afirmou nesta quarta-feira (13/5) João Jorge da Costa, diretor da Divisão de Saneamento Básico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Costa mediou os debates do Workshop Água de Reúso, organizado pelo Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da Fiesp. Segundo ele, o reúso de água é tão convincente de sua eficácia quanto o próprio tratamento convencional de água.
“Podemos considerar que nossos esgotos são os novos mananciais, ou seja, o reúso da água pode influenciar e modificar a nossa definição de sistema de esgoto”, comentou. Para ele, o sistema de reúso de água é uma alternativa confiável, e tem sido muito necessária principalmente em regiões de muita escassez.
O professor doutor da Universidade de São Paulo (USP), José Carlos Mierzwa, que trabalha com reúso da água na área industrial há mais de 20 anos, afirma que atualmente há muitas opções tecnológicas que permitem que o processo seja feito de maneira satisfatória. Mierzwa falou sobre a escassez de água na região metropolitana de São Paulo e apresentou o reúso como uma opção para a redução dos impactos dessa crise.
O professor também indagou sobre as possíveis causas da crise hídrica, relacionando a falta d´água ao uso indevido, aumento populacional, saneamento básico adequado e também problemas de gestão. “Não podemos pensar na questão da água somente como quantidade, mas também sobre a qualidade e em como gerir essa situação”, disse.
Segundo Mierzwa, “a prática de reúso pode complementar as ações de combate à crise hídrica”. O professor aposta no potencial tecnológico a favor da solução de problemas, afirmando que é necessário ter “as inovações tecnológicas como aliadas”.
Reúso potável
A cidade de Campinas está localizada na bacia do PCJ, região que também enfrenta crise hídrica e, de acordo com Renata Gasperi, engenheira coordenadora da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento de Campinas (Sanasa), foi percebida a necessidade da utilização de tecnologias modernas, que buscam maior redução de poluentes para o processo hídrico, como o reúso da água.
Renata afirmou que a Sanasa realiza, frequentemente, monitoramentos da água de reúso. “São parâmetros que servem para monitorar a integridade dos processos, garantindo a qualidade da água”, disse.
Segundo a palestrante, o reúso potável da água não é novidade e já existe em muitos locais, de forma indireta e não planejada. “A água de reúso que produzimos é uma fonte de água também, e hoje, mais do que nunca, é necessária”, disse. “Temos experiência de que a água produzida tem uma grande estabilidade em termos de alta qualidade, e sabemos também que para fazer o reúso potável, precisamos garantir a segurança dessa água, a segurança dessa produção”, concluiu Renata Gaspieri.
(Agência Indusnet Fiesp – 13/05/2015)