Presidente de associação de máquinas diz que reunião entre Mantega e grandes grupos, adiada para amanhã, é só ato político. Entidades querem que governo discuta falta de competitividade; Fazenda diz que tem se reunido com setores. A reunião do ministro Guido Mantega (Fazenda) com grandes grupos brasileiros, marcada inicialmente para hoje em São Paulo e remarcada ontem à noite para amanhã, em Brasília, provocou revolta em parte da indústria. Para representantes de associações de classe, é preciso que o governo atenda também aos interesses das pequenas e médias empresas, que respondem por boa parte dos postos de trabalho.
“Esse é um governo que não ouve a pequena e média empresa”, afirmou à Folha José Velloso, presidente-executivo da Abimaq, que reúne os fabricantes de máquinas e equipamentos. “Já pedimos, mas a presidente Dilma não nos recebe.”
Mantega chamou para o encontro cerca de 20 grandes empresas. Juntas, elas faturaram mais de R$ 500 bilhões em 2012. A reunião faz parte da estratégia do governo de tentar melhorar as relações com o setor. Segundo Velloso, as empresas convidadas são todas multinacionais, que não enfrentam todos os problemas do “custo Brasil”, porque têm a opção de tomar crédito mais barato no exterior ou de importar insumos. Ele disse ainda que uma coalizão de 23 entidades de classe, que representam 54% do faturamento e 51% do emprego da indústria, pede desde novembro uma audiência com Dilma, sem sucesso. O tema do encontro seria a falta de competitividade da indústria e a deterioração da balança comercial. O grupo, que inclui também entidades como Abiquim (químicos), Abinee (eletrônicos) e Abit (têxtil), foi informado de que teria que se reunir primeiro com o Mantega, o que ocorreu em dezembro. Mas, segundo a Abimaq, foi uma reunião protocolar, na qual nada foi resolvido e terminou com uma promessa de encontro com Dilma.
(Folha de S.Paulo, 11/03/2014)