O pessimismo dos investidores com a condição macroeconômica do Brasil e a preocupação com um possível rebaixamento da nota de crédito soberana do país voltaram a pesar sobre os mercados, levando o real a liderar as perdas frente ao dólar hoje. A moeda americana encerrou em alta de 1,96% a R$ 2,2890, maior cotação desde 6 de setembro e maior variação desde 21 de agosto, quando foi registrada a máxima do dólar no ano, de R$ 2,4510. O contrato futuro de dólar com vencimento em dezembro avançava 1,83% para R$ 2,302. Depois de um resultado fiscal fraco na semana passada, as declarações de representantes do governo hoje publicadas nos jornais não foram suficientes para acalmar os investidores. Para os analistas, o governo não tem mostrado ações efetivas para melhorar as contas públicas, buscando garantir a meta do superávit fiscal, o que se torna mais preocupante em um cenário de aumento da taxa Selic pressionando a elevação da dívida pública. Para um tesoureiro de um banco nacional, a declaração da ministra da Casa Civil , Gleisi Hoffmann, ao jornal “Folha de S. Paulo” hoje de que vê com simpatia o sistema de banda para o superávit primário ajudou a reforçar essa visão. O Barclays já trabalha com um cenário de rebaixamento em um degrau da nota de crédito do Brasil no ano que vem, mas vê a aprovação da mudança do indexador da dívida de Estados e municípios, que ainda será votada no Senado, como um risco de perda do grau de investimento do país, o que poderia trazer impacto negativo para os mercados, havendo uma fuga maior de capitais. “Parte desse risco já está refletida no mercado como mostra a deterioração do risco de crédito do Brasil em relação a outros países latino-americanos”, afirma Marcelo Salomon, economista do Barclays para a América Latina.
(Valor – 05/11/2013)