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Política monetária deve permanecer especialmente vigilante, diz Copom

Em uma ata pobre em indicações sobre os passos futuros de política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou a necessidade de atenção para a inflação. No documento relativo à reunião de outubro, o BC suprimiu referências a uma melhora futura das pressões e reconheceu que o balanço de riscos para a inflação ficou menos favorável, com aumento das tarifas de serviços e com o ajuste dos preços domésticos em relação aos internacionais. Nesse contexto, embora sem unanimidade, o Copom optou por elevar a taxa básica de juros Selic de 11% para 11,25% ao ano. Segundo o documento, a divergência foi em torno do momento adequado para aumentar a taxa. Para os cinco membros que votaram pela alta de juros, de 11% para 11,25% ao ano, era “oportuno ajustar, de imediato, as condições monetárias, de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016”. Já os três dissidentes argumentaram que “incertezas ainda cercam a magnitude e a persistência desses ajustes e, por isso, posicionou-se a favor de que, neste momento, as condições monetárias permanecessem inalteradas”.

“Especialmente” vigilante
Na ata divulgada nesta manhã, o Comitê diz que a política monetária deve se manter “especialmente” vigilante, de modo a minimizar riscos inflacionários. A mensagem está um tom acima da que vinha sendo empregada pelo Copom até então, que dizia apenas que estava “vigilante”, sem a qualificação “especialmente”. O documento elimina menções das versões anteriores de que as pressões inflacionárias tenderiam a se arrefecer ou até mesmo se esgotar dentro de dois anos e de que a manutenção dos juros levaria a inflação para uma trajetória de convergência à meta de 4,5%. Outra parte que desapareceu da ata fazia menção aos efeitos defasados da alta de juros já promovida entre abril de 2013 e abril desde ano sobre a inflação. Uma explicação dada para a inflação estar em nível elevado é a “ocorrência de dois importantes processos de ajustes de preços”. Um deles é o realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais. O outro é o “realinhamento dos preços administrados em relação aos livres”. Preços administrados são aqueles controlados por contrato ou pelo governo, como as tarifas de serviços públicos e combustíveis.

Atividade econômica
Em suas previsões de cenário, o Copom reiterou que o crescimento econômico em 2014 será menos intenso que em 2013. No entanto, “na visão do Comitê, a atividade tende a entrar em trajetória de recuperação no próximo ano”. Além disso, o grupo avalia que “no médio prazo” mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. Para o BC, o consumo tende a crescer em ritmo moderado e os investimentos devem ganhar impulso. Para o Copom, “essas mudanças, somadas a outras ora em curso, antecipam uma composição do crescimento de médio prazo mais favorável ao crescimento potencial”. Tal avaliação não constava da ata de setembro. Outra breve mudança em comparação com setembro está na avaliação do consumo, quando o BC falava em crescimento “mais” moderado “do que o observado em anos recentes”.

O BC continua apontando que o cenário de maior crescimento global, combinado com a depreciação do real, milita no sentido de torná-lo mais favorável ao crescimento da economia brasileira. Ainda sobre o tema, o colegiado somou a seguinte avaliação: “Por sua vez, as exportações tendem a ser beneficiadas pelo cenário de maior crescimento de importantes parceiros comerciais e pela depreciação do real”.

Política fiscal expansionista
O Comitê reconheceu pela primeira vez em um documento oficial que há evidências de que a política fiscal é expansionista neste ano. Ainda assim, mantém a avaliação de que a instância fiscal poderá se deslocar para a zona de neutralidade no horizonte relevante para a política monetária.

“O Copom observa que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais. Não obstante identificar evidências de estímulos fiscais na composição da demanda agregada este ano, na visão do Comitê, no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público tende a se deslocar para a zona de neutralidade”, diz o Copom no parágrafo 23 da ata.

Riscos para estabilidade financeira global
Ao comentar o quadro externo, o Copom manteve a avaliação de que os riscos para a estabilidade financeira global “permaneceram elevados”. Entre esses riscos, o colegiado aponta aqueles “derivados de mudanças na inclinação da curva de juros em importantes economias maduras”. O BC continuou avaliando que o ambiente externo é complexo, apesar de identificar baixa probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais. O ritmo de atividade, para o Copom, aponta recuperação em algumas economias avançadas, enquanto entre os emergentes, “não tem correspondido às expectativas, em que pese a resiliência da demanda doméstica”.

(Valor – 06/11/2014)

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