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Endividada, Petrobras busca vender ativos, elevar preço e produção

Pressionada por dívida crescente e necessidade de caixa para explorar o pré-sal, a Petrobras vai acelerar a venda de ativos no segundo semestre deste ano, período que deve concentrar a maior parte do plano de desinvestimento de 9,9 bilhões de dólares.
A estatal também prevê aumentar a produção de petróleo na segunda metade do ano, além de buscar um alinhamento de preços de derivados com o mercado externo, disseram executivos da Petrobras nesta segunda-feira, durante comentários sobre os resultados do segundo trimestre divulgados na última sexta-feira.
“Esperamos um semestre mais ativo em desinvestimento”, afirmou nesta segunda-feira o diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa, lembrando que a companhia já desinvestiu neste ano cerca de 1,8 bilhões de dólares.
O lucro do segundo trimestre, de 6,2 bilhões de reais, foi reforçado por venda de ativos na África em junho, pelo valor de 1,5 bilhão de dólares.
Mesmo assim, as ações preferenciais fecharam em baixa de 3,22 por cento e as ordinárias em queda de 1,49 por cento, após fortes ganhos iniciais.
“Apesar dos bons resultados da operação, a dívida líquida continuou a crescendo forte no 2T13… nos últimos cinco anos, a dívida líquida da Petrobras cresceu 476 por cento e nos últimos doze meses houve um aumento de 19 por cento”, disse a corretora Planner em relatório ao mercado.
A alavancagem da Petrobras (relação entre o endividamento e patrimônio líquido) pode superar 35 por cento a partir do segundo semestre, admitiu Barbassa, ponderando que esse aumento seria neutralizado com uma alta na produção até o final de 2014.
“A alavancagem também subiu, o que é preocupante dado os investimentos agressivos que a empresa tem que fazer”, afirmou o analista William Alves, da XP Investimentos.
O resultado líquido da petroleira superou as expectativas do mercado, mas também contou com a ajuda de uma mudança contábil para reduzir o efeito da alta do dólar na dívida.
A diluição do impacto cambial no resultado financeiro da Petrobras, aliás, poderá ser realizada em cerca de sete anos, prazo médio da dívida da estatal, disse Barbassa.
A nova contabilidade teve um impacto positivo da ordem de 5 bilhões de reais no lucro de 6,2 bilhões de reais.
“A contabilidade de hedge coloca os números da empresa alinhados com o caixa”, afirmou Barbassa durante entrevista a jornalistas.
DIVIDENDOS
Como resultado deste efeito benéfico da mudança contábil, a Petrobras poderá distribuir dividendos adicionais de 600 milhões de reais para detentores de ações ordinárias na segundo semestre, acrescentou o executivo.
“Não é distribuição extra, mas o que pode haver é a aprovação pelo Conselho de Administração (do dividendo a mais). Agora com lucro líquido maior, que não foi afetado pela variação cambial, há a oportunidade de aumentar participação das ON’s nos dividendos referentes ao ano.”
Mas o executivo pondera que a distribuição de dividendos além do esperado terá de passar ainda por decisão do Conselho e de acionistas. “Até o fim do ano ainda tem muita água para correr”, disse.
Segundo ele, a distribuição de dividendos para ações preferenciais deverão ter valor definido por percentual de 3 por cento do patrimônio líquido.
O mercado, entretanto, está mais preocupado com questões operacionais e com a dívida da Petrobras, que tem o maior plano de investimento corporativo do mundo, de 236,7 bilhões de dólares em cinco anos.
“Mesmo ultrapassando os limites de 35 por cento de dívida líquida… duas vezes e meia o Ebitda, nós estamos vendo novas unidades este ano e ano que vem, vemos um crescimento continuado da produção que vai nos trazer mais recursos e proporcionar menos alavancagem da companhia”, afirmou Barbassa.
A alavancagem ficou em 34 por cento ao final do segundo trimestre. Já o índice de dívida líquida/Ebitda ajustado caiu para 2,57 vezes.
A perspectiva de crescimento futuro deverá deixar agências de classificação de risco confortáveis, sem afetar, portanto, o rating da companhia, segundo ele.
PREÇOS DE DERIVADOS
Paralelamente, como forma de melhorar seus resultados e garantir caixa suficiente para fazer frente ao robusto programa de investimentos sem extrapolar o endividamento, a estatal quer preços internos mais compatíveis com os do mercado internacional, disse o executivo.
“Estamos trabalhando intensamente para alinhar os preços internos de derivados de petróleo aos internacionais”, afirmou Barbassa.
O alinhamento que a estatal tanto busca pode ser alcançado “pela variação do preço internacional… uma valorização do cambial também pode ter influência… além do reajuste de preços”, disse o diretor financeiro, ao ser indagado sobre o assunto.
Após a valorização do dólar frente ao real, a Petrobras teve anulados os efeitos dos reajustes de combustíveis realizados no ano passado e no início deste ano.
CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE PETRÓLEO
A redução no ritmo de paradas nas plataformas no segundo semestre deste ano e a entrada de novos sistemas produtivos ao longo dos próximos anos vão agregar a produção da empresa em cerca de 440 mil barris ao dia de capacidade, disse o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli.
Para o segundo semestre, em especial no último trimestre, a estatal espera incremento na produção com a entrada em operação de quatro novos sistemas: as plataformas P-63, P-58, P-55 e P-61/TAD.
“O aumento de produção já começa antes do final do terceiro trimestre. No quarto trimestre, o aumento de produção é bem elevado sim…”.
Formigli destacou que serão interligados 36 poços no segundo semestre, ao passo que foram 15 foram interligados na primeira metade do ano. Essa interligação vai agregar um potencial adicional de produção de 440 mil barris de petróleo ao dia.
REFINO
A estatal bateu recordes de refino no segundo trimestre, preparando-se com formação de estoques para algumas paradas em suas instalações, afirmou o diretor de Abastecimento, José Cosenza.
Refinarias no Rio de Janeiro (Reduc), Minas Gerais (Regap) e São Paulo (Revap) terão paradas técnicas em manutenção, com aumento de produção após a volta de duas delas.
Com utilização de 99 por cento da capacidade de refino, a petroleira atingiu receita de vendas de 73,627 bilhões de reais, um aumento de 8,2 por cento em relação ao mesmo período do ano passado e de 2 por cento ante o primeiro trimestre.
(Reuters, 12/8/13)

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