Em debate promovido pela CNI, em São Paulo, especialistas dizem que mudanças estruturais e menos protecionistas elevariam a competitividade da indústria e reduziriam preços ao consumidor. Simplificar o sistema tributário, modernizar a legislação trabalhista e aumentar a participação do capital privado em infraestrutura são essenciais para a retomada da confiança do setor privado e para que os investimentos voltem a ser feitos. Essa é a avaliação de economistas e empresários que participaram do seminário Fórum Brasil Competitivo – Prioridades para o Avanço da Indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o jornal O Estado de S.Paulo e a Agência Estado, nesta terça-feira (18), em São Paulo. A análise dos especialistas é de que as mudanças estruturais são imprescindíveis para elevar a competitividade da indústria e reduzir preços aos consumidores. Alguns temas são consenso. O Brasil não poderá crescer de forma sustentada sem um sistema tributário mais eficiente e simples do que temos hoje. “Precisamos ter ganhos na área de infraestrutura e um sistema de trabalho melhor organizado. Tudo isso junto a uma melhor estratégia de integração do Brasil com o mundo”, afirma o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.
REDUÇÃO DE CUSTOS – O ex-ministro Luiz Fernando Furlan, membro do Conselho de Administração da BRF, defende as reformas para reduzir custos não só para as empresas, mas também para o consumidor final. Como exemplo, cita o excesso de gastos que as companhias têm para manter funcionários para tratar das questões tributária e trabalhista. “As empresas têm batalhões de pessoas trabalhando nos processos. O custo dessa montanha de milhões de processos para o estado brasileiro é imenso, mas também para o setor privado. E no final tudo isso está o custo do produto para o consumidor. O consumidor não imagina o que ele paga de custo de ineficiência”, afirma. Segundo o fundador da Natura e presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Pedro Passos, o aumento da competitividade da indústria trará redução de preços pagos pela população. Ele defende que as políticas industrial e de inovação tenham uma integração efetiva com uma política de comércio exterior. Passos critica as políticas protecionistas e diz que o país precisa se inserir nas cadeias de valor e firmar acordos comerciais com grandes blocos. O aumento da concorrência resultaria em redução de preços, garante. “Um fato que melhora os preços ao consumidor é a competição. Precisamos incentivar a competição no mercado interno, senão fica muito fácil repassar para o preço”, argumenta. Os economistas José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, e Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), também criticam as políticas protecionistas. Para Mendonça de Barros, há um excesso de proteção ao mercado interno e um controle que “danificam a produtividade e inibem a inovação”. Castelar afirma que a política industrial tem sido “uma política de proteção da falta de competitividade, que ajuda as empresas a sobreviverem à falta de competitividade”. Ele defende ações que aumentem a confiança do empresário e, consequentemente, resultem em crescimento dos investimentos.
REFORMA TRIBUTÁRIA – O economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Mansueto Almeida argumenta que o esforço fiscal que o governo precisa fazer nos próximos anos não deve ser feito com aumento da carga tributária. “Temos carga tributária de um país com PIB per capita três vezes superior ao nosso. Para duplicar a renda per capita atual, o país precisa crescer entre 3% e 4% ao ano nos próximos 60 anos, afirma.
FÓRUNS BRASIL COMPETITIVO – O encontro Prioridades para o Avanço da Indústria é o quarto debate de 2014 promovido pela CNI em parceria com o Grupo Estado. Nos eventos anteriores, foram discutidos a importância da educação profissional para o desenvolvimento do país, a reforma tributária que o país precisa realizar, e o país que queremos ser em 2022, ano em que o Brasil completa 200 anos de independência. Há três anos a CNI promove debates com o jornal para discutir questões que afetam a competitividade da indústria e do país.
(Portal da Indústria – 18/11/2014)