O dólar anulou a queda que teve durante a primeira parte dos negócios nesta terça-feira (3) e fechou em alta, aproximando-se de R$ 2,30, mesmo com a atuação do Banco Central para conter a valorização. Na segunda-feira, a moeda teve a maior subida em quase 6 meses e, durante a noite, o BC anunciou um leilão maior de swap para rolagem, que equivale a venda futura de dólares. Com isso, deixou em dúvida a estratégia de intervenções no câmbio. Para parte dos especialistas, a autoridade monetária não quer o dólar muito valorizado com temor sobre seus impactos sobre a inflação.
“A trajetória de queda (do dólar) inverteu por causa de um movimento pontual e o mercado aproveitou para dar uma testada no BC (ver até onde consegue elevar o valor da moeda)”, afirmou à Reuters o diretor de câmbio do banco Paulista, Tarcísio Rodrigues. “O mercado fez o teste para saber o que o BC quer. Sabemos que R$ 2,30 não é bom porque atrapalha o controle da inflação”, acrescentou. Apesar da queda mais cedo, o dólar não teve força para voltar abaixo de R$ 2,25. Na noite passada, o BC anunciou que ofertaria 10 mil contratos de swaps no leilão desta sessão para rolagem, o dobro do que havia feito na primeira venda. Com isso, pode ter mudado a estratégia indicada inicialmente de que rolaria cerca da metade dos swaps que vencem em julho, equivalentes a US$ 10,060 bilhões. Neste segundo leilão, acabou vendendo a oferta total, já rolando pouco mais de 7% do volume que vence no próximo mês. Com a maior oferta de moeda no mercado, a intenção do BC é reduzir o valor do dólar. Para os operadores, ainda não está claro se a estratégia para as rolagens mudou de fato ou se foi uma decisão pontual, apenas para diminuir os ânimos após as fortes altas recentes. “Vai ser difícil voltar para a banda de R$ 2,20 a R$ 2,25 (vista nos dois últimos meses). E hoje a moeda não deverá devolver toda a alta de ontem (segunda-feira) porque está em aberto se vai seguir esse ritmo de rolagem ao longo do mês”, afirmou à agência a economista da CM Capital Markets Camila Abdelmalack. O nível entre R$ 2,20 e R$ 2,25, na avaliação dos especialistas, agradaria ao BC por não ser inflacionário e não prejudicar as exportações.
Intervenções diárias
Se por um lado a ação do BC ainda deixa a pulga atrás da orelha sobre o futuro das rolagens, de outro serviu para diminuir as dúvidas sobre o que fará com a intervenção diária após junho.
“O que fica em aberto é que ninguém sabe se a rolagem vai ficar assim, mas pelo menos ficamos mais tranquilos sobre o futuro do programa a partir do mês que vem”, disse o operador de um banco internacional, para quem o BC vai estender as ações, mas ainda que de forma reduzida. No fim do ano passado, BC ampliou para pelo menos até o fim deste mês as vendas diárias de swap, mas diminuiu o volume ofertado para até 4 mil papéis. Na oferta de ração diária, nesta sessão a autoridade monetária vendeu todos os 4 mil swaps com vencimento em 2 de fevereiro do próximo ano. Também ofereceu para 1º de dezembro deste ano, mas não vendeu nenhum. O volume da operação somou US$ 198,4 milhões.
(G1 – 03/06/2014)