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Brasil registra entrada de US$ 4,15 bilhões na semana passada

A entrada de dólares na economia brasileira superou a retirada da moeda em US$ 4,15 bilhões na semana passada, entre os dias 8 e 12 deste mês, informou o Banco Central nesta quarta-feira (17). Somente na última sexta-feira (12), US$ 2,57 bilhões ingressaram no país. Com isso, o movimento parcial de setembro, que estava negativo (com mais saída do que entrada de valores) no início deste mês, “virou” e voltou para o azul — ou seja, com ingresso de dólares no Brasil. Na parcial deste mês, até a última sexta-feira (12), foi contabilizada a entrada de US$ 2,25 bilhões na economia brasileira. No acumulado deste ano, o fluxo de dólares, que também estava negativo até o início de setembro, passou a registrar superávit, ou seja, com maior entrada de divisas no país. Em 2015, até 12 de setembro, houve o ingresso de US$ 1,55 bilhão. Em igual período do ano passado, US$ 702 milhões haviam deixado o Brasil.

Contas comercial e financeira
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação, e a conta financeira, que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos (parcelas dos lucros) e empréstimos tomados no exterior, entre outros. Segundo o BC, a entrada de dólares do Brasil superou a saída da moeda estrangeira do país, pela conta financeira, no valor de US$ 845 milhões na parcial deste mês. Somente na semana passada, US$ 2,32 bilhões entraram no Brasil pela conta financeira. Pela conta comercial, informou o BC, entraram US$ 1,4 bilhão no país no acumulado de setembro — dos quais US$ 1,82 bilhão na última semana.

Impacto no dólar
A entrada de recursos registrada no início deste mês favoreceria, em tese, a queda do dólar. Isso porque, com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar menor. O dólar, entretanto, tem subido em setembro. No final de agosto, a moeda norte-americana estava cotada em R$ 2,23, avançando para R$ 2,34 nesta quarta-feira (17), por volta das 12h40. Além do fluxo de dólares, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão as sinalizações sobre a política monetária nos Estados Unidos e as intervenções do Banco Central no mercado futuro da moeda norte-americana, por meio da oferta dos contratos de “swap cambial” – instrumentos que funcionam como venda de dólares no mercado futuro, com impacto no mercado à vista. Nos Estados Unidos, a expectativa dos analistas é de continuidade da retirada de estímulos à economia, que começa a dar sinais de recuperação. No futuro, pode haver até mesmo aumento de juros nos Estados Unidos, o que tenderia a gerar retirada de dólares do Brasil, em direção aos EUA, e pressão de alta na cotação da moeda norte-americana. O BC brasileiro, porém, também tem prosseguido com suas intervenções diárias no mercado com os “swaps cambiais”. Recentemente, o BC anunciou que manterá as intervenções diárias no mercado futuro de câmbio até o fim deste ano. As intervenções do BC ajudam a conter uma pressão altista do dólar no país. Os analistas do mercado financeiro acreditam que o dólar terá alta até o final deste ano. Pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, na semana passada, revela que a previsão dos economistas para o dólar, no fim de 2014, é de R$ 2,30.

Como funcionam os swaps cambiais
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período. É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Assim, o BC acalma a procura por dólares sem mexer nas reservas internacionais. O investidor, preocupado com a tendência de alta, tem interesse em comprar dólares. Quando aceita a operação, fica estimulado a querer a queda ou a manutenção do dólar, para que não tenha que pagar ao banco mais do que receberá em juros. Essa taxa, normalmente, acompanha a Selic, que é a taxa básica da economia brasileira e hoje está em 11%. Se o dólar tiver variação acima disso, por exemplo, quem perde é o investidor.

(G1 – 17/09/2014)

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