Está mais difícil vender para a Venezuela. Mesmo que o país vizinho seja um parceiro comercial importante para o Brasil, mais exatamente o oitavo maior destino das nossas vendas externas ou 2% do total comercializado com o mundo, para 54,7% dos exportadores os atrasos ou a falta de pagamento piorou nos últimos 12 meses. Esse cenário foi identificado em pesquisa realizada pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O estudo ouviu 64 empresas de 18 setores variados da indústria. Entre o grupo pesquisado, 48,4% dos empreendedores disseram demorar até seis meses para receber pelas mercadorias enviadas para a Venezuela. Assim, mesmo que o valor exportado para o país venha crescendo ano a ano, com US$ 4,8 bilhões vendidos em 2013, o que responde por 9,4% das transações do Brasil para a América Latina, têm crescido também as queixas de empresas brasileiras quanto ao atraso nos pagamentos ou o que é pior: a ausência deles. De acordo com o levantamento feito pelo Derex, os problemas de pagamento aos exportadores brasileiros começaram com a criação da Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), em 2003. Trata-se de um órgão do governo designado ao controle de entrada e saída de divisas da Venezuela. Assim, a existência desse tipo de estrutura de controle cambial tem restringido as remessas de divisas para o exterior, afetando o pagamento aos exportadores. Segundo o diretor titular do Derex, Thomaz Zanotto, os atrasos de pagamento se concentram entre exportadores menores, que vendem volumes baixos à Venezuela. Conforme a pesquisa, para 79,7% das empresas ouvidas, os montantes a receber pelas exportações é de até US$ 500 mil.
(Agência Indusnet Fiesp – 03/04/2014)