O governo pode ser mais otimista do que o mercado financeiro e prever uma alta maior para o Produto Interno Bruto (PIB) do ano que vem, o que ajudará a fechar as contas em 2017, segundo informou o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, nesta terça-feira (16) após audiência pública no Senado Federal.
Para o próximo ano, o governo já informou que está propondo que seus gastos superem a arrecadação com impostos, sem contar os juros da dívida pública, em até R$ 139 bilhões – o segundo maior rombo fiscal da série histórica, em 1997.
Para cumprir a meta, o governo terá que fazer um “esforço arrecadatório” de R$ 55,4 bilhões em 2017, o que, segundo informou o governo em junho, seria feito por meio da venda de ativos, como empresas públicas, e receitas com concessões. Naquele momento, também não foi descartada a possibilidade de subir tributos.
O secretário lembrou que a mediana para o crescimento do PIB do ano que vem, pesquisa realizada com o Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, é de 1,1%. Entretanto, não descartou que a proposta de orçamento traga uma previsão maior de alta do PIB, de até 1,6% – o que elevaria a arrecadação e ajudaria a completar o “esforço arrecadatório” de R$ 55 bilhões necessário para fechar as contas em 2017.
“A média do mercado está 1,1% [de crescimento em 2017], mas muitos analistas independentes estão na faixa de 1,5% a 2% de crescimento. Estamos rodando um modelo pra ver o que dá. Se for para cima, não mais do que 1,6%. Vai ser algo entre 1,1% e 1,6%. Melhoraria bastante a receita administradas, mas não sei exatamente quanto”, declarou Mansueto Almeida a jornalistas.
Ele avaliou que, com crescimento da economia, a receita administrada reage, mas a reação é um pouco lenta. “Um bocado de empresas, como vem de anos de prejuízo, compensa um pouco crédito tributário. É um pouco mais lenta do que na crise anterior”, explicou Mansueto.
Questionado se a nova equipe econômica não incorreria em erros anteriores, de divulgar previsões acima daquelas do mercado financeiro para contar com mais arrecadação, o secretário afirmou que “há vários bancos grandes e vários analistas fazendo uma previsão acima de 2%”.
Mansueto Almeida, do Ministério da Fazenda, afirmou que o governo também vai divulgar, em pouco mais de duas semanas, uma lista de ativos e concessões que serão feitas para completar o espaço que falta para atingir os R$ 55 bilhões de “esforço arrecadatório” para atingir a meta fiscal do ano que vem. “Vai ter que deixar muito claro regras. É essencial atrair capital externo”, disse.
“A se confirmar o processo de impeachment [da presidente afastada Dilma Rousseff], se houver tramitação da PEC dos gastos como a gente espera, vai ter uma onda muito grande de otimismo no Brasil. Olha o que está acontecendo de entrada de dinheiro. Está tendo uma onda positiva. É claro que a gente precisa aprovar a PEC do gasto e reforma da previdência. Não tem mágica”, disse o secretário.
Mansueto Almeida não afastou, porém, a possibilidade de aumento de tributos. Disse que o ideal é que não tenha. “Precisa de uma contribuição do lado da receita e da despesa. O ajuste fiscal é gradual. Muita gente do mercado adoraria um ajuste fiscal muito rápido, mas é impossível. Estamos partindo de um déficit de R$ 170 bilhões [neste ano]. Não dá para levar para um superávit primário em um ou dois anos. Ajuste fiscal do lado do gasto é gradual”, afirmou.
(G1 – 16/08/2016)